Textos


MEUS OLHOS

SÃO PEQUENOS

PARA VER

 

Mísseis cortando os céus

das noites estreladas

- não há mais poesia -

somente olhos fustigados

pelos clarões do horror.

 

Cadentes de aço

teleguiadas,

levando na ponta

o ódio, as lágrimas

e a dor.

 

Gente constrangida,

escondida e ferida,

em esconderijos

subterrâneos,

assustadas

e subjugadas

aos apitos

das sirenes.

 

Nas sepulturas

das nações mutiladas,

as vozes dos sinos

em estridente choro,

suplicam tréguas

à fúria dos soldados.

 

Pelos cantos do mundo

beijos cancelados

e amores perdidos

na próxima explosão.

 

Meus olhos

são pequenos

e estão cansados

de ver tanto medo

e a esperança atônita

sem entender

o por quê.

 

(Diálogo poético com o poema “VISÃO 1944” de Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro “A Rosa do povo, 1945”. Imagem: Domo de Ferro de Israel barra mísseis do Irã — Foto: Leo Correa/yAP)

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 07/07/2025
Alterado em 07/07/2025
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