O PESADELO DA CRIAÇÃO E O DIVINO CÃO
Interação poética com Ildo Simoes Ramos.
O PESADELO DA CRIAÇÃO
(Ildo Simões)
O Velho Criador
dormia sono profundo.
Acordou, respirou forte
e resolveu criar o mundo.
Misturou tudo
o que fizera lá atrás,
sem querer
tinha criado o Satanás.
Esfregou as mãos
e inventou o fogo.
Fez vulcão, fez terremoto
e querendo algo novo
inventou quinhentas línguas,
depois, pensou e fez o povo.
Criou a mesa redonda,
o patrão, o estatuto
e a comissão.
Mas em tudo que criava,
surgia o dedo do cão.
Tomou de um cachorro louco,
surdo cego e faro zero,
resultou em três porquinhos,
e um pai de baixo clero.
Aí o Velho pensou:
já que eu fiz deixa pra lá.
Mas este mundo que eu fiz
tá com cheiro de gambá.
Sem forças pra competir
com o velhaco do Cão,
juntou os divinos trapos
e foi morar em Plutão.
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O DIVINO CÃO
(Rosalvo Abreu)
O criador
naquele momento
não acordou legal
e não estava
no melhor
dos seus dias.
Criou por criar,
quase por obrigação,
como um operário
mal remunerado
da criação.
“Cāo cego e sem faro,
mesa redonda, comissão,
estatuto e patrão…”
Será que não teria
outra invenção?
Sei lá,
tipo uma serpente,
de língua ardente
e desejo de traição.
Talvez,
uma macieira
no paraíso,
uma bela mulher
e um Adão peladão.
Sei que ele
não é do ramo
da especulação,
mas poderia ter criado
uma dívida original,
daquela que você
já nasce devendo
e vive morrendo
em busca do perdão.
(Poema totalmente inspirado em “ Pesadelo da criação do mundo” de Ildo Simões. Qualquer ‘senão’ procure Ildo Simões ou o criador foragido que foi morar em Plutão)
Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 11/12/2024
Alterado em 01/08/2025
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