TEMPO DE ARRUMAÇÃO
Gosto dessa desordem,
aparente desorganização.
Diz mais sobre a vida
e sobre as coisas do coração.
Um conjunto de caminhos
possíveis costurando
um arranjo coletivo.
Karl Popper à três livros
de Felipe Pondé
no penúltimo vão
da estante.
Já próximo ao chão
foco em Pierre Lévi.
Mais acima,
sem juízo de valores,
vejo Rita Lee.
Todos convidando-me
para um instante de prosa.
Brauman na prateleira
do meio acorda-me
da cegueira moral.
As cartas a Theo
e Yuval Harari
estão bem pertinho,
trazendo à mim
mais humanidade.
Vejo Tarantino, Veronesi,
Cecil, Fisham e West
apontando um caminho.
Drummond
ao lado de Barros
em diálogo contínuo,
à direita Antônio Brasileiro
e Michael Sandel.
Suassuna,
ainda na horizontal
sobre outros livros,
acusando visita recente.
Próximo, vejo Assis,
William e Lispector.
Mais à frente
no mesmo espaço,
olho Leminski, C.S. Lewis,
Sthefen King, Nietzsche,
Manoel Bandeira,
Vinicius e Poe.
Volto rapidamente a visão
e sinto Cecília Meireles,
Rubem Alves, Fiódor,
Neruda, Florbela Espanca,
Castro Alves e Bukowski.
No cantinho espremido
leio Cruz e Souza.
À direita do último vão
encontro Jorge Amado,
Laurindo Gomes,
Mia Couto, Olavo
e Raduan Nassar.
Quase escondido
vejo Modigliani,
Schopenhauer,
Espinosa, Esopo
e Sócrates.
Na estande ao lado
em forma de olho,
está Chaplin, Einstein,
Galilei, Freud, Newton,
Bíblia Sagrada
e Vivex Murthy.
Acostumei-me
com esse desarranjo
equilibrado.
Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 02/12/2024
Alterado em 01/08/2025