O olhar toca o mar,
acaricia o vento
e registra o tempo.
O olhar pela porta
entreaberta
do passado,
revisita os amores,
os afetos e as mais
difíceis dores.

Revira antigas fotos,
velhas paisagens
e os afagos
que não foram
possíveis por falta
de um esperado
retorno.

Passos firmes
por caminhos tortos
a vasculhar gavetas,
armários e de repente
a história nos acorda
das perigosas
ingenuidades.

Por maior que seja
o grito de dor,
os corações
precisam abraçar
seus mortos
para ressignificar
o que parecia
estar sumido.

Ainda ouço
o teu gemido
na cela escura
e essas lembranças
me tiram da escuridão.
Novos tempos virão,
não podemos esquecer…
Abracemos-nos,
vamos sorrir e seguir.