"Nuca, sovaco, umbigo e pé"

Nunca saberia viver
sem a tua nuca
- portal dos arrepios -
que pressente
o meu sussurro
o meu bafo quente
prenúncio da nossa volúpia
que num autônomo reflexo
umedece as entranhas
e te despudoriza
entregando a tua alma
ao gozo carnal

Percorrendo as tuas trilhas
aconchego-me
na fonte do teu riso,
perco o rumo
e me despedaço
sentindo o teu cheiro
ao calor do teu sofaco,
e no encaixe sensual
tua nuca repousa
no afago do meu abraço

Aos poucos me deslizo
buscando um abrigo
entre os teus seios
e a pélvis,
como criança me ligo
ao teu umbigo
num retorno ancestral
buscando a fonte da vida
e do prazer
que existe em você

Arrancas de mim um olhar
quando fico fisgado
no balanço
e no requebrado da tua anca
quando danças,
quando sambas,
quando andas
e nessa cadência,
e nessas ondas
navego pelas tuas marés
num encaixe perfeito
entre tuas coxas

Seguindo teus passos
fito os teus pés
- estação derradeira -
desse vertiginoso mergulho,
dessa queda livre
que fiz desde a tua nuca,
com gemidos, suspiros e ais,
e sinto agora a maciez
do teu calcanhar
que é… “ a bunda do pé”
“pé que eu pego
beijo e lambo”.