Textos

AO POETA

Teu sono não dorme,
vives insone
delirando pelo mundo
a gritar tua dor espástica
ou a beleza nua e crua
que enxergas no escuro
                      [ o clarão
                 da escuridão]

Há no teu gemido
um gozo ou o ardor
da lâmina fria
que suaviza tua vida
                   [nascer
                e morrer]

Não se assombre
ao revisitar teus mortos,
eles ainda vivem
nas rimas do cotidiano
e na insistência natural
do existir
                       [no sim
                     e no não]

No varanda aos raios
do primeiro sol
lerás as mesmas notícias
impressas no jornal matinal
e agora outros fonemas
versejam a mesma poesia
                            [a velha
                          novidade]

Verás então
na velocidade
de um cometa
o clarão na escuridão
entre o viver e o morrer
entre o sim e não
Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 11/05/2019


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