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DOMINGO VESPERTINO
Era uma tarde costumeira:
A solidão do domingo,
Sem sinos, sem cânticos.

Há tempo não vou à missa.

Da sala vozes da televisão
Anunciando um comovente encontro
E bailarinas em forma de pixels
Encantavam-me.

E a minha filha desesperadamente
Queria me acompanhar no Cooper vespertino.

Mas ela queria ir de bike.
Era uma necessidade aguda,
Tinha que sair pedalando.

Mas ela nem sabia que o desuso
Tinha murchado os pneus.
De repente bicicleta na varanda
E o instrumento pneumático
Devolvia a dureza essencial ao movimento.

Agora era só ciclicamente pedalar
E buscar o desafio de permanecer
Sobre aquelas duas rodas.

Tudo isso era feito em segundos.

Em instantes me pareou alegremente
E me fez entender a sua urgência,
Como se flutuasse na sua alegria
Tensa, determinada e feliz.

- Pai! Pai! Já sei andar de bike com uma só mão.

E passou por mim...
Passando também a emoção
E me fazendo flutuar.

Fui cúmplice da urgência daquela necessidade
Ao entardecer do domingo.
Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 15/04/2018
Alterado em 16/04/2018


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