Hoje, há algo de errado,
Acordei, assim, ensimesmado.
A rotina me gritava...
Então, bati a chave
E a explosão não aconteceu...

Talvez o meu porto
Não seja tão seguro.
Ausculto o fluxo da bomba,
As luzes do painel
Reluzem a minha frente,
A carga é total.

Hoje, há algo de inexato...
Talvez o meu momento,
Agora, seja um tormento.
Sinto-me, assim, entediado.

Imagino que Maria que ama Pedro,
Esperava-o ansiosamente para o café,
Algo de errado aconteceu,
O tempo passou
E Pedro não apareceu.

Algo de estranho está acontecendo,
Nada plausível me vem à mente.
Hoje, o motor parou simplesmente.
Só me resta o guincho.
O tempo está correndo,
Compromissos esvaindo-se
E a máquina enguiçada a minha frente.

O sol ardia forte
Na minha pele,
O corpo pedia água...
Então, lá de dentro, pela janela da pia
Eu via o capô aberto
E o homem curvado sobre o motor...
Ele sussurrava algo, daqui inaudível...

Penso em Maria debruçada
Sobre a janela, olhando a rua,
Na esperança que de longe
Aparecesse o seu amor...
Algo de errado está acontecendo,
Seu amor não passou.

Volto ao carro...
Não entendo aquela cumplicidade,
O homem e o motor...
Agora vou a ignição,
Viro a chave,
E acontece a propulsão...
Insisto, mas ele não me revela
As palavras daquela aproximação.

Vejo na varanda filhotes no ninho,
Com goelas abertas...
Algo de errado está acontecendo,
O tempo agora demora...
A mãe que foi buscar alimentos
Não mais retorna...

Não entendo...
Algo de estranho
Na minha alma
Está acontecendo...
Agora...